terça-feira, 24 de março de 2015

DROGAS: O CÂNCER DA SOCIEDADE BRASILEIRA

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Depois de alguns dias sem atualizar o blog estou de volta, e hoje para falar de um assunto que a muito tempo me incomoda, e acredito que não só a mim mas a maioria dos brasileiros: o domínio das drogas no nosso país. Seja nas “cracolândias” das maiores metrópoles ou nas praças de cidades do interior, esse verdadeiro câncer da sociedade vem se alastrando a cada dia, atingindo todas as camadas sociais e destruindo milhares de famílias Brasil a fora. E o problema é que nossas autoridades muitas vezes parece querer esconder toda essa sujeira para baixo do tapete, porém se torna praticamente impossível negligenciarmos uma questão, quando a mesma começa a interferir em nossas vidas, como no caso do aumento da violência que é um dos resultados do domínio e do tráfico de drogas. E aí, consequentemente trabalhadores e estudantes são assaltados no decorrer do dia, sequestros relâmpagos
[2] Cracolândia no centro de São Paulo.
são realizados e dezenas de pessoas vão parar na cadeia por cometerem tais atos, mas que no dia seguinte já estarão na rua; devido a lei falha e cheia de brechas que temos; e esses indivíduos novamente estarão prontos, para continuarem praticando seus crimes e assim sustentarem o vício das drogas. O que também me chama a atenção neste caso, é como crianças e adolescentes estão se envolvendo cada vez mais cedo no mundo das drogas, e da mesma forma que os adultos, acabam praticando furtos e roubos para não deixar de consumir os entorpecentes. Com certeza, são situações que nos deixam perplexos e indignados, mas o nosso país só conseguirá de fato eliminar este “câncer”, quando a quimioterapia for a educação.
[3] Crianças usando drogas em uma cracolândia.
Somente com investimentos pesados em educação, as nossas crianças serão educadas, principalmente em escolas de tempo integral, fazendo com que elas permaneçam mais tempo na instituição e menos tempo na rua. Outra ponto para mudar esse quadro, é a atualização do código penal brasileiro, que está
ultrapassado, e o investimento e melhorias no sistema carcerário, para que assim, criminosos que tenham cometido crimes mesmo sob efeito de drogas, paguem por seus atos. A Educação religiosa também é uma importante ação, juntamente com o amparo psicológico e a ressocialização de presidiários e menores infratores, com internações em clínicas de recuperação, mesmo havendo resistência de muitos, que não aceitam serem internados. Aliás, clínicas de recuperação que também deveria ser uma das prioridades do governo, pois recursos não faltam, e acabam sendo tragados pela corrupção. Por fim, temos um longo caminho pela frente, mas com todas essas ações e quando a educação de fato for levada a sério, teremos um país cada vez melhor, com respeito, dignidade, e o mais importante: longe das drogas.

Robson Moreira

IMAGENS:
[1] https://matheuswagnerbioifes.files.wordpress.com/2011/06/drogas1.jpg
[2] http://imagem.band.com.br/f_116612.jpg
[3] http://www.domtotal.com/img/noticias/2009-07/119250_21378.jpg

3 comentários:

  1. Círculo vicioso
    Ivone Boechat
    Um dia, milhões de bebês choraram na liberdade uterina do milagre da vida: nasceram. Não vestiram seus corpos, não lhes calçaram sapatos nem lhes deram o conforto do seio materno, antes da posse do sonho infantil, foram rejeitados, ao rigor do abandono.
    Um dia, mãozinhas trêmulas, inseguras, sem afeto, bateram na porta do vizinho, procurando abrigo. Não havia ninguém ali para oferecer afeto nem portas havia na pobreza do lado. O menino escorregou na direção da rua.
    Um dia, a criança anêmica foi eleita à marginalidade da escura noite e disputava papelões e pães no lixo do depósito público. Aos tapas, cresceu como grão perdido no vão das pedras, sem a mínima possibilidade de sobreviver: sem teto, sem luz, sem chão.
    Um dia, o adolescente esperto teve alucinações de vida e o desejo de conferir a sociedade: candidatou-se à luta amarga do subemprego. Alvejado pela falta de habilitação, foi condenado como vagabundo, recebendo etiqueta oficial de mendigo.
    Um dia, o adulto desiludido, amargurado, sem emprego, sem referencial, saiu à procura do amor. No escuro, mas cheio de esperanças, foi colecionando portas fechadas pelo caminho. Sem Deus, sem nome, sem avalista, sem discurso, acreditou no "slogan" das campanhas sociais.
    Um dia, o menino mal nascido, mal amado, mal educado, não soube cuidar do filho que nem chegou a ver. Não ouviu seu choro. Imaginou apenas que, após nove meses de duríssima gestação, alguém brotara de um rápido encontro, irresponsável, assustado e vazio que sempre ouviu dizer que se chamava amor.

    Ivone Boechat
    Escola Comunitária 4a edição Reproarte RJ

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    1. Obrigado pelo comentário Ivone Boechat.Que belo e reflexivo texto, parabéns!

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  2. Confissões de um menor abandonado

    Ivone Boechat


    Eu sei que sou culpado,
    não tive a capacidade de assumir a administração da minha vida, não fui capaz de resolver as emoções infantis nem consegui equilibrar-me sobre os obstáculos que herdei da sociedade.
    Até que me esforcei! Olhei para a vida de meus pais, porém, os desentendimentos de seu casamento falido nublaram os tais exemplos de que ouvi falar, só falar.
    Não tive o privilégio de me aquecer no meu próprio lar, porque faltou-lhe a chama do amor, sustentando-nos unidos. Cada qual saiu para o seu lado. Na confusão da vida me perdi.
    Candidatei-me à escola. Juntei a identidade civil ao retrato desbotado, botei a melhor farda de guerreiro, entrei na fila. Humilhado por tantas exigências, implorando prazos, descontos e vaga, sentei-me num banco escolar, jurei persistência, encarei o desafio.

    - Joãozinho, você não sabe sentar-se?
    - Joãozinho, seu material está incompleto.
    - Joãozinho, seu trabalho de pesquisa está horrível.
    - Joãozinho, seu uniforme está ridículo.

    A barra foi pesando, fui sendo passado para trás e vendo que escola é coisa de rico. Um dia, me arrependi, mas a professora se escandalizou das faltas (nem eram tantas!) e disse que meu nome já estava riscado, há muito tempo. O que fazer? Dei marcha à ré ali e, olhando a turma, com vergonha, fui saindo.
    Moro nas marquises, debaixo da ponte, nas calçadas e não moro em lugar nenhum. Tenho avós, pais, irmãos e primos, mas não tenho família. Tenho idade de criança e desilusões de adulto. Minha aparência assusta as pessoas e nada posso fazer. A cada dia que passa, estou mais sujo, mais anêmico, mais fraco.
    Sou um rosto perdido, perambulando, em solo brasileiro. Na verdade, chamam-nos menores, todavia, somos os maiores desgraçados.
    Vendo balas num sinal de trânsito que muda de cor a cada minuto. Quando o sinal fica vermelho, os carros param, meu coração dispara. Para nós, menores abandonados, verde não é a cor da esperança.


    Publicado no livro Por uma Escola Humana, pág.121 Ed. Freitas Bastos, RJ 1987

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