Punição de menor por crime dura menos tempo no Brasil
País não cria opção para punir com mais rigor menores envolvidos em crime violento
Manutenção de conquistas obtidas pelo ECA
Dias Neto ressalta, porém, que os menores devem continuar sendo mantidos em instituições separadas dos adultos e que o eventual aumento das punições não pode ser “superestimado” em seus impactos. Por isso, o professor é contra a redução da maioridade penal.
No mês passado, depois de uma série de assassinatos envolvendo adolescentes de 17 anos, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, enviou ao Congresso Nacional uma proposta de mudança no ECA para aumentar a punição de infratores no Brasil. A tramitação apenas inicia.
A Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas estabelece que os menores de 18 anos devem ter tratamento diferenciado na lei. Segundo Gary Stahl, representante da Unicef no Brasil, apenas Estados Unidos e Somália não são signatários do documento.
— Dos países que têm ratificado a convenção de direitos da criança, a grande maioria respeita essa idade penal de 18 anos. Essa é a convenção mais ratificada da História — afirma Stahl.
De acordo com os dados do Fundo das Nações Unidas, na América Latina, apenas a Bolívia, com 16 anos, e o Peru, com 17 anos, possuem maioridade penal menor que o Brasil. Porém, em El Salvador, por exemplo, uma mudança na lei estabeleceu que o menor que tenha discernimento de adulto possa ser julgado como maior.
Idade mínima para punições é semelhante
A idade a partir da qual o menor pode sofrer alguma punição no Brasil também não foge ao padrão aplicado por países europeus e latino-americanos. O ECA estabelece que a partir dos 12 anos os adolescentes estão sujeitos a sanções. Antes dessa idade, não há punição.
A Inglaterra foge à regra e já permite que as crianças estejam sujeitas a punições se cometerem infrações a partir dos 10 anos. A Suíça também adota a mesma idade.
A lei brasileira não estabelece punição a adolescentes por tipo de crime. Diz apenas que a internação só deve ser adotada por “excepcionalidade” nos casos de “ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa”, ou “reiteração no cometimento de outras infrações graves”, ou ainda “por descumprimento da medida anteriormente imposta”.
De acordo com Gary Stahl, representante da Unesco, estudos feitos por cientistas mostram que o cérebro do adolescente menor de 18 anos ainda está “em desenvolvimento” e não “é 100% responsável” por decisões que toma:
— Muitos sugerem até que essa idade deveria ser maior. Por exemplo, mais de 20 anos.
A Unicef leva em consideração três pontos para avaliar se o país cumpre a Convenção dos Direitos da Criança: os menores devem ser julgados por um sistema jurídico diferente; as penas devem ser inferiores a dos adultos; e os adolescentes não podem cumprir a punição em instituições que tenham maiores presos.
Para Mario Volpi, coordenador do programa de cuidados do adolescente da Unicef no Brasil, alguns países usam artifícios para fingir que cumprem a convenção, mas se utilizam das exceções em suas leis para punir os adolescentes.
— Muitos se valem da criatividade na hora de fazer os relatórios e parecer que seguem as resoluções — critica Volpi.
Fonte: Sérgio Roxo / O Globo (http://oglobo.globo.com/pais/punicao-de-menor-por-crime-dura-menos-tempo-no-brasil-8289234) Acesso: 06/03/2014
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Um fato que tem preocupado toda a
população brasileira é o aumento de crimes praticados por menores de idade, e
falo não de crimes aparentemente simples como furtos e roubos, mas de infrações
graves e bárbaras, que há pouco tempo atrás seria impossível imaginar terem
sido cometidas por adolescentes. Todos sabem que hoje infelizmente no Brasil
temos uma lei antiga e cheia de brechas, onde após a criação do Estatuto da
Criança e do Adolescente o cidadão mirim passou a ter diversos benefícios e garantias,
só que a lei antes criada para garantir a proteção dos mesmos consequentemente
tem dado carta-branca para a execução de delitos e o crescimento da violência infanto-juvenil,
isso porque eles sabem que estarão impunes e se por acaso chegarem a ser
apreendidos logo estarão na rua e prontos para um novo ato, como o caso daquela
dentista queimada viva em seu próprio consultório ano passado por um grupo em
que adolescentes estavam envolvidos. Por esta razão grande parte do país aprova
a tão esperada regulamentação da redução da idade penal para 16 anos, talvez
assim a esperança de condenação fosse maior, porém isso na prática seria
complicado na situação em que se encontra o sistema carcerário do país, com
cadeias amarrotadas de presos e que na verdade são verdadeiras faculdades do
crime, com agentes penitenciários despreparados que em muitos casos tentam resolver
o problema através de espancamentos e torturas. Com
certeza a idade penal precisa ser reduzida, eu mesmo já fui roubado duas vezes
e nas duas vezes por adolescentes armados, entretanto para que de fato essa
questão funcione, o governo deverá investir seriamente na construção de novos presídios,
ampliando e reformando também as casas de recuperação, as antigas FEBENS, além trabalhar
na repressão e punição de adultos aliciadores, porque sabendo desta “vantagem”
que o menor possui em seu estatuto, muitos criminosos obrigam os jovens a
realizarem os delitos para se livrarem da cadeia. Mas que essas ações sejam
feitas com urgência e não fiquem somente nas promessas e em projetos parados no
congresso, pois o crime precoce precisa ser punido e banido da sociedade o mais
rápido possível, antes que mais infrações hediondas aconteçam e mais crimes e
mortes fiquem impunes somente pela desculpa do autor não possuir 18 anos de
idade.
Robson Moreira
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